14/05/1982 – Folha da Tarde – Álcool: questão agora é adequar oferta e procura.
O empresário Luiz Lacerda Biagi, presente na Soprai - Sociedade de Produtores de Açúcar e Álcool que discutiu os aspectos sociais e económicos do Proálcool
comentou que o desenvolvimento de tecnologia de motores do ciclo Otto que
utilizam álcool como combustível seria plenamente atingido caso as autoridades
governamentais abolissem a reserva de mercado para o setor automotivo, "pois a
abertura de mercado certamente atrairia empresas estrangeiras capazes de
desenvolver um motor otimizado para queimar álcool, ao contrário dos atuais,
que apenas sofreram alterações na taxa de compressão para usarem álcool no
lugar da gasolina".
Como precedente desta medida, Biagi citou a edição do decreto assinado pelo
Presidente Figueiredo, permitindo a livre concorrência de empresas estrangeiras
no fornecimento de equipamentos usados nas usinas e nas destilarias de álcool do
País. "Dessa forma, argumentou, terei que oferecer equipamentos que possam
competir em termos de qualidade e preço com concorrentes do exterior. Afinal,
isso é benéfico ao consumidor final do combustível, pois só ocupará liderança no
mercado a empresa que oferecer o menor custo de fabricação do álcool
carburante."
Com relação a quebra da produção agrícola de cana, Biagi não vê riscos maiores, "a quebra só atingirá nível crítico se houver comprometimento de 30% na produção de cana, o que implicará necessariamente numa queda irreparável da produção de
álcool do País", concluiu.
(Essa matéria também foi divulgada no Estado de São Paulo e Folha de S.P, em
14/5/82).